."Come piava e arrota sardinha"
Nesta seção temos alguns exemplos da linguagem cotidiana do povo da ilha. São expressões, muitas delas rimadas, que criadas ao acaso, tornaram-se populares entre os habitantes da ilha servindo de alerta ou aconselhamento a quem fosse dirigido.
Rifões, máximas e sentenças
A formiga quando quer se perder cria asa. A porta da rua é a serventia da casa. A pulga no cachorro gordo não morde. Árvore ruim não dá boa sombra. Aqui estaremos Adão até que chegue o verão. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Burro velho com cangalha nova, matadura certa. Boa romaria faz quem em casa jaz em paz. Barriga vazia goiaba tem bicho. Boi depois de morto vira vaca. Barata que é viva não atravessa galinheiro. Beleza não põe mesa. Casamento e mortalha no céu se talha. Com bom sol estende teu lençol. Cesteiro que faz um cesto, faz um cento, se tem verga e tempo. Come manjuva e arrota pescada. Casa de esquina, morte ou ruína. Comeu cobra e não bebeu água. Depois da casa arrombada trancas às portas. Dia de muito, véspera de nada. Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és. De vagar se vai ao longe. Deus ajuda a quem cedo madruga. De pequenino é que se torce o pepino. Enquanto descansas carrega pedra. Em lugar ventoso não há repouso. Em boca fechada não entra mosquito. Enquanto o compadre vai e vem, a comadre mostra o que tem. Em política e amor não há pudor. Em briga de marido e mulher não se põe a colher. Flor no peito, bobo feito. Filho és, pai serás, assim como fizerdes assim acharás. Faze o bem, não olhe a quem. Filho criado, trabalho dobrado. Falar é prata, calar é ouro. Fogo ao pé da estopa, vem o diabo e sopra. Guarda de comer mas não guardes o que fazer. Guarda teu pano que durará mais um ano. Gato escaldado da água fria tem medo. Galo depois de velho põe ovo. Honra manchada em sangue é lavada. Homem prevenido vale por dois. Honra e proveito não cabem num só saco. Ir buscar lã e sair tosquiado. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Longe da vista, longe do coração. Muito mente quem dá com a língua no dente. Morre o cavalo a bem do urubú Mais é a fama que a escama. Mão quente, coração frio, amor vadio Mais vale a prática que a gramática. Missa e maré se espera em pé. Não há carne sem osso, nem fruta sem caroço. Não há nada como um dia atrás do outro. Na barba do tolo é que aprende o barbeiro novo. Não deixe o certo pelo duvidoso. No frigir dos ovos é que se vê a banha que tem. Não há sábado sem sol, nem noiva sem lençol, nem domingo sem missa, nem. segunda sem preguiça. O que arde cura, o que aperta segura. O que não mata engorda. O diabo depois de velho vira ermitão. O seguro morreu de velho. O bom filho a casa torna. O diabo não é tão feio como se pinta. Porta arrombada, trancas de ferro. Para teres vista bela olha o mar e mora em terra. Pra galo velho, franguinha nova. Pela boca é que morre o peixe. Para cãs honradas não há portas fechadas. Pedra que muito rola não cria limo. Quem desdenha quer comprar. Quem muito quer pouco alcança. Quem não tem cão caça com gato. Quem foi rei não perderá a majestade. Quem tem filhos tem cadilhos, quem (filhos) não tem cadilhos tem. Quem pode pode, quem não pode se sacode. Ri-se o roto do descosido e o sujo do mal lavado. Remenda teu pano que durará um ano; remenda e torna a remendar, mais um ano ele torna a durar. Sol e chuva casamento de viúva. Sem sangue não se faz chouriço. Sogra nem de barro a porta. Saco vazio não se aguenta em pé. Só se veja quem só se deseja. Tal vida tal morte. Toda medalha tem seu avesso. Tanto vai o pote a fonte que um dia deixa a asa. Trata da vida que a morte é certa. Terra molhada, tres dias ventada. Um dia é da caça outro é do caçador. Uma mão lava a outra e as duas a cara. Uma desgraça nunca vem só. Uma vez é sempre a primeira. Vivendo e aprendendo. Vintém poupado, vintém ganho. Vaso ruim não quebra.
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