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Ô Maneca! Espia. Agora eu acho que esse instepô vai falá de nóx...

       


Nesta seção você vai conhecer quem é este personagem tão mencionado, foco central deste site, ou seja, o MANEZINHO DA ILHA de Santa Catarina.

São homens e mulheres que fizeram do seu modo simples de viver uma marca registrada da Ilha.


  

Manezinhos típicos da Ilha

   

     

Rendeira

 

Era normalmente o homem na rede e a mulher na renda. No caso da rendeira da Ilha,  esta por muitos anos, desde a chegada dos primeiros açorianos, desenvolve esta arte, que a tornou tão tradicional. Nestes 250 anos de renda de bilro a rendeira nunca esmoreceu diante das adversidades da vida e foi através da renda que, ajudava no orçamento doméstico.    

    

     

Pescador

 

A pesca, uma das formas mais primitivas de subsistência do homem, passou a ser também a principal atividade econômica de muitos dos açorianos que chegaram a Ilha, cerca de 250 atrás. Acostumados com a cultura do trigo, base de sua alimentação em terras do além mar e não encontrando na Ilha o solo adequado, passaram a ter que adaptar-se a outras formas de subsistência. E uma delas era aproveitando o que a Ilha tinha em abundância, o mar muito piscoso. Com grande contribuição do indígena, a pesca permitiu ao açoriano fixar na terra, isto é, no mar. Atualmente a ilha ainda têm muitos pescadores vivendo desta atividade que ainda resistem, apesar da redução da produção, causada principalmente pela pesca predatória das grandes embarcações pesqueiras.

   

   

Jogador de dominó

 

Com certeza o jogo mais praticado na Ilha é o de dominós. Este divertimento secular, surgido nos mosteiros europeus parece que foi inventado nesta terra. O manezinho, principalmente os mais vividos, aposentados e os desocupados na sua maioria fazem deste passatempo o seu principal entretenimento. O dominó na Ilha, não é um simples juntar de pedras, que ao final resulta numa dupla vencedora. Mas sim um divertimento que consegue congregar amigos e desconhecidos. Formado por 28 peças (pedras) distribuídas igualmente entre duplas (parcerias), vence o jogo aquela que reunir o maior número de pontos. Pode-se concluir que o "dominó" é o mais tradicional entre os jogos de mesa na Ilha.

     

      

Pombeiro

 

...morres com a pomba na balaia! Esta, provavelmente é a expressão do manezinho que justificaria o apelido "pombeiro" ao vendedor ambulante freqüente nas ruas da Ilha até alguns anos atrás. Vendia de tudo, principalmente aves e hortifrutigranjeiros. Sendo que marcou tão bem, que a dita alcunha estendeu-se a todos os vendedores de rua. Caracterizavam-se por utilizarem um pau transpassado por cima do ombro onde nas pontas, com embira, os produtos ficavam dependurados. Lembro ainda de vendedores ambulantes vendendo doces, salgados, cestas de páscoa, enfim artigos dos mais diversos. Hoje, é raro encontramos pessoas nessa atividade.

     

    

Peixeiro

   

Olha o peixe! Com um chifre de boi usado como trombeta (berrante) o peixeiro anunciava sua chegada. Nesse momento, as pessoas iam para os portões de suas casas aguardando passar a carroça com o pescado fresco. Antigamente, o peixeiro era pescador, pescava a noite e de manhã cedo para abastecer sua clientela mais exigente, circulando por toda Ilha onde pudesse vender seu produto. Praticamente desapareceu das nossas ruas pois atravessadores e donos de peixarias se espalharam fazendo com que toda a produção ficasse em suas mãos. 

       

    

Vendedor de camarão

 

Olha o camarão! Olha o camarão! Assim anunciava o vendedor de camarão. Os mais antigos vendiam camarões por cento, por quantidade. Em seguida, surgiram os vendedores de camarão de litro, onde utilizavam-se de uma lata de óleo de soja (900ml) como medida. Comumente, quando é vendido em baldes, o preço já está fechado. Entretanto, em todos os casos, era comum o vendedor querer levar vantagem no momento da venda. No caso do "cento", dos camarões maiores eram cortados as barbas dificultando na hora de pegá-lo, sendo que. naquela época já havia um ditado "o escolhido é mais caro". No caso do "litro", a medida, ou seja, a lata normalmente era amassada. No caso do "balde", ou mesmo na peixaria, salvo alguns casos, o vendedor mantém os maiores em cima para impressionar, sendo que menores ficam na parte inferior da medida.

     

    

Freqüentador do Mercado

     

O velho mercado público, este refúgio do manezinho, antes com suas peixarias, açougues, lojas, bares e restaurantes, sempre foi o principal ponto de encontro dos manezinhos que fizeram dele o símbolo da cultura popular da Ilha. Hoje, com o espaço cultural Luiz Henrique Rosa, torna-se o principal palco das manifestações populares. Mercado público, passagem obrigatória do manezinho. 

      

      

Catador de berbigão do Ribeirão

    

Este manezinho, natural do Ribeirão da Ilha, uma das regiões mais tradicionais da nossa terra, tem como principal atividade de subsistência a coleta e comercialização do berbigão - molusco muito apreciado na Ilha. Não são muitos, mas ainda podemos encontrar pessoas que ainda sobrevivem desta atividade.

      

       

   

Catador de marisco

   

Ao contrário daquele que cata o berbigão em águas calmas da baía sul, este colhe os mariscos nos costões da costa leste da ilha. Esta atividade, é própria de pessoas preparadas físico e tecnicamente, pois normalmente catam estes bivalves em lugares perigosos muito próximos ao bater das ondas. Atualmente, o marisco de cultivo fez com que esta atividade rareasse, simplesmente pela maior produtividade e qualidade. 

      

     

Olheiro de tainha

    

Já viu uma manta de tainha? Provavelmente sim. Mas será que era de tainha? Pois bem, para reconhecer o cardume e se vale a arrastar a rede para pescá-lo precisa de um olheiro. Sim, alguém que olhando identifique as características do cardume e avisando o melhor momento para os pescadores lançarem a rede ao mar. Ficam sobre pontos estratégicos de onde tem toda a visão do mar. Se necessários passam horas e horas vigiando as águas.  

     

   

Fabricante de Canoas

   

É o artesão do mar, pois para construir uma canoa de um pau só não basta ter apenas técnica. Tem que ter talento. O mesmo talento de um escultor ao criar sua obra, o canoeiro executa uma canoa. Não é simplesmente buscar um tronco de garapuvú de 50 ou 60 anos e dali a pouco surgir uma embarcação qualquer. Além do que, mais um detalhe que não devemos esquecer, a flutuação permitindo sua estabilidade no mar. Senão trabalho em vão. Herança dos carijó, entre tantas contribuições, foi o índio, o primeiro manezinho da Ilha, de quem o açoriano conheceu esta embarcação.

   

    

Folião do Boi-de-mamão

   

Qual o manezinho que não gosta de brincar de um boi-de-mamão com todos os componentes bailando e saltitando na sua frente? A bernunça, a maricota, o cavalinho, a cabrinha, e o grande protagonista deste enredo, o boi. Este folguedo, quando chega em nosso quintal para se apresentar faz o povo feliz, é uma festa só. Dos mais tradicionais folguedos da Ilha o boi agrega muitos apreciadores. Baseado no Boi-bumbá do nordeste, a brincadeira reúne crianças e adultos, talvez pela interação que provoca com o público presente.   

   

   

Farrista do boi

   

...É meu senhor, antigamente a brincadeira era diferente de brincar... Provavelmente é a opinião de boa parte dos manezinhos de outrora. Naqueles tempos as brincadeiras não eram tão agressivas, pois haviam bois para trocar sem que ficassem esgotados. Tradição açoriana oriunda das touradas de rua de Açores, a farra-do-boi na ilha acontece de maneira inversa onde ao contrário da tourada o boi é perseguido e indefeso foge. Não faz muito tempo, os bois eram soltos e perseguidos, cansados eram trocados, e ao final abatidos.

    

    

Passarinheiro

   

Quem da Ilha nunca presenciou uma gaiola com coleira, canário, tico-tico, ou outro passarinho cantador. Muitas vezes vemos dependuradas numa venda (armazém) ou com o passarinheiro com ela por uma praça ou ainda junto, participando passivamente da conversa entre manezinhos vizinhos. 

         

       

Alguns dos requisitos para ser um Manezinho

   

Ser simples, pois a simplicidade é a virtude maior do manezinho;

Ser fiel as suas tradições, como apreciar um boi-de-mamão ou um terno de reis;

Gostar de bater um dominó com a manezada;

Saber pescar siri com jereré ou coca, cozinhá-lo e, principalmente abri-lo à moda antiga, ou seja, sem talheres, somente as mãos, para assim degustá-la com prazer;

Ter participado da festa do divino ou da procissão do Senhor dos Passos;

Saber reconhecer o peixe fresco do congelado;

Saber arrastar uma rede segurando na fieira e não no isopor;

Saber jogar a tarrafa sem fazer dela um oito;

Ter um passarinho de gaiola, desde que bem cuidado e tratado;    

Ter total domínio do dialeto "manezês" pronunciando o mesmo com a entonação e velocidade que o mesmo exige;

Ter total domínio das fontes auditivas para entender o que o outro manezinho fala;

Adorar, respeitar, idolatrar e amar a Ilha até que a morte os separe.

        

        



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