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Um enfoque sócio-econômico


Nesta seção vamos conhecer um pouco da pesca artesanal na Ilha de Santa Catarina. Um assunto vastíssimo e de grande importância para a cultura local. Pois, entre todos os aspectos que permitiram a fixação do homem à terra, a atividade pesqueira de subsistência foi fundamentalmente a que mais contribuiu. O homem açoriano encontrou aqui provavelmente a décima ilha do Açores, a de Santa Catarina.

Até os peixes de lá haviam cá!

Homens simples que quando chegaram à ilha não conseguindo viver exclusivamente da terra, passaram a desenvolver no mar uma outra atividade, a pesca.  


PI

Enfoque histórico

 

 

No período de 1748 a 1756 desembarcaram em Santa Catarina cerca de seis mil imigrantes, em sua maioria açorianos. Além das terras, o governo português tinha prometido dar auxílio financeiro a cada casal, incluindo transporte gratuito, armas, ferramentas, animais, farinha e isenção do serviço militar. Mas ao chegar, os imigrantes receberam pouco do que havia sido prometido, além de estarem sujeitos ao recrutamento e ao confisco de alimentos.
As terras deveriam ser distribuídas com a preocupação de se fundarem freguesias, em cujas cercanias se estabeleceriam cerca de 60 famílias. Só que esse método planejado de colonização foi mais uma das promessas que Portugal nunca chegou a cumprir. Grupos de prestígio, compostos por portadores de títulos de nobreza, foram privilegiados na distribuição dos lotes e receberam terras mais extensas e melhor localizadas. Os descendentes dessas "pessoas notáveis" vieram a se tornar os principais donos de rede, donos de engenhos e comerciantes do século seguinte.
Aqueles que receberam pequenos lotes dedicaram-se à agricultura de subsistência e de alguns produtos que interessavam diretamente a Coroa, como o linho, o algodão, o trigo, o café e o cânhamo. Como as terras da Ilha não eram tão férteis quanto o solo vulcânico dos Açores, a maioria dessas culturas não teve sucesso e os colonos precisaram se adaptar. Os cultivos tradicionais dos açorianos tiveram que ser substituídos por uma lavoura herdada dos índios: a mandioca; que logo se tornou a base alimentar da população. Em trinta anos, estabeleceram-se cerca de 300 pequenos engenhos de farinha de mandioca na Ilha.
A pesca, apesar de muito praticada como atividade subsidiária, não tinha grande importância econômica pela falta de um mercado consumidor e de meios adequados para estocagem. A única atividade pesqueira com intenção comercial era a pesca da baleia, que durou até o começo do século XX. Apesar de trazer pouca vantagem para os habitantes, já que a Coroa tinha o monopólio da exploração baleeira, o trabalho no mar afastava muita gente da lavoura. Essa falta de mão-de-obra para a agricultura se agravou ainda mais com os freqüentes recrutamentos de jovens para o serviço militar. Em meados do século XIX esses fatores, aliados à incipiente expansão urbana e ao empobrecimento do solo, acabaram causando o declínio da atividade agrícola na colônia.
Com a diminuição das lavouras, a pesca deixou de ser um trabalho acessório para se igualar em importância com a agricultura. Além dos métodos de salgamento e defumação de pescado trazidos do Atlântico Norte, os açorianos aprenderam a pescar tainha com os Carijó. Outra técnica aprendida com os índios foi a construção de canoas com um só tronco, feitas principalmente de garapuvu, árvore abundante na Ilha. Por causa do caráter sazonal da atividade pesqueira, a agricultura não foi totalmente abandonada. No outono e no inverno os homens se dedicavam à pesca, mas durante a primavera e o verão a prioridade voltava a ser a lavoura.

No século XIX, as diferenças entre Nossa Senhora do Desterro e as demais freguesias no interior da Ilha ficaram ainda mais evidentes. As freguesias se voltaram para o mercado interno, abastecendo a população, as tropas e as embarcações em trânsito. Elevada à categoria de cidade em 1823, Desterro era marcada por uma forte expansão urbana e comercial, escoando os produtos do interior através do principal porto de Santa Catarina.  
Semanalmente os lavradores vinham com suas carroças, carros-de-boi, cavalos e até barcos à vela trazer parte de sua produção para a cidade. Além dos produtos da lavoura, traziam também cortes de tecidos, toalhas, colchas e rendas fabricados pela indústria doméstica. Apesar deste quadro de expansão econômica, ou mesmo por causa dele, os camponeses começaram a enfrentar dificuldades para se manter. Tradicionalmente voltados para a subsistência doméstica, os pequenos agricultores não produziam para o mercado, apenas participavam dele procurando suprir suas necessidades. Esse crescimento do mercado consumidor permitiu também a exploração de outra atividade de subsistência do colono açoriano: a pesca.  
Na Ilha de Santa Catarina, as principais freguesias que se dedicavam à atividade pesqueira eram Ponta das Canas, Barra da Lagoa, Canasvieiras e Campeche. Na maior parte do tempo a pesca era intercalada com o trabalho na lavoura. Mas entre os meses de maio a julho, época da tainha, o homem deixava a roça e o engenho de farinha aos cuidados da mulher e dos filhos enquanto saía para o mar. Essa divisão do trabalho foi a diferença crucial entre as duas atividades. Enquanto a agricultura mantinha as características de trabalho doméstico, onde a família era dona dos meios de produção e da força de trabalho, a pesca começava a despontar como um trabalho remunerado, onde o dono da rede contratava a mão-de-obra de "camaradas" para o serviço.

Dessa forma, a agricultura foi aos poucos se tornando uma atividade de menor importância e já na primeira metade de século XX, muitos lavradores tinham se incorporado definitivamente à pesca. Aqueles que insistiam na lavoura tinham que enfrentar o empobrecimento do solo, esgotado após duzentos anos de plantio, e a falta de novas terras, ocupadas pela expansão urbana. Em sua maioria, os lavradores mais antigos venderam suas terras para se tornarem donos de rede. Aos mais jovens ou com menos recursos restou o trabalho sazonal como camarada.  
Depois da II Guerra Mundial, com a expansão capitalista e a diversificação das atividades econômicas, o governo brasileiro resolveu investir na pesca e grandes financiamentos foram feitos para a instalação de uma indústria pesqueira no país. A princípio isso representou mais uma fonte de renda para o pescador artesanal, que através do trabalho "embarcado", principalmente na costa do Rio Grande do Sul, podia economizar algum dinheiro para adquirir sua própria rede.  
Também a partir dos anos cinqüenta a ocupação urbana no litoral se tornou mais acelerada, com a ampliação das atividades do setor secundário e terciário e a consolidação de uma classe média formada por profissionais liberais e servidores públicos. Essa população de maior poder aquisitivo surgiu disposta a investir no seu próprio lazer, o que impulsionou o desenvolvimento do turismo em Florianópolis. Essa expansão urbana, juntamente com a especulação imobiliária, acabou de vez com a prática da agricultura na comunidades pesqueiras.  
Para piorar as coisas, a pesca artesanal também começava a dar sinais de enfraquecimento. Com os incentivos federais, a indústria pesqueira no Brasil se expandiu rapidamente sem que fossem feitos estudos sobre a disponibilidade dos recursos naturais que exploravam. A pesca de arrasto, praticada de forma indiscriminada pelos barcos industriais, foi responsável por uma diminuição considerável na quantidade de pescado disponível. Sem conseguir acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos barcos industriais, os pescadores artesanais se viram obrigados a aumentar suas horas no mar para conseguir manter a produção. Além disso, o produto da pesca dificilmente chega ao mercado consumidor sem antes passar pela mão de um atravessador, o "pombeiro", que paga um preço muito baixo pelo peixe, comprado assim que os pescadores chegam na praia. Hoje em dia o Mercado Público vende peixe de Itajaí e camarão de Laguna, a pesca artesanal sobrevive precariamente por tempo indeterminado e até mesmo a indústria de pescado se restringe a duas empresas, localizadas embaixo da Ponte Hercílio Luz. Isso tudo levou os pescadores artesanais de Florianópolis a um intenso processo de empobrecimento que os obrigou a procurar um mercado de trabalho urbano. Em 1940, dos 46 mil habitantes de Florianópolis, 17 mil viviam no interior da ilha. Quarenta anos depois a ilha já tinha 188 mil habitantes, mas somente 14 mil moravam no interior.  
A partir da desarticulação das atividades econômicas tradicionais, uma parte da população migrou para a periferia da cidade em busca de emprego. Aqueles que ficaram em suas comunidades têm servido de mão-de-obra barata para a pesca industrial e assistido a ocupação de seus antigos terrenos por loteamentos e empreendimentos turísticos. Segundo a socióloga Ana Maria Beck, a desarticulação econômica e social dessa população acarreta na perda de sua "identidade cultural" e coloca os descendentes dos colonos açorianos em uma situação sem perspectivas, onde "a expansão urbana e o turismo pressiona os lavradores para o mar e a expansão da pesca industrial empurra os pescadores para a terra".

 

 


 

Peixes

Algumas espécies da Ilha

    

   

ARRAIA

 

 

 

ANCHOVA (ENCHOVA)

(Pomatomus saltator)


Atinge: 1,5m de comprimento e 20kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 10 a 20lb, iscas artificiais (plugs de meia água, colheres, jigs e lambretas).
Tamanho mínimo para captura: 40cm.

 

 

BADEJO

(Mycteroperca spp)


Atinge: 1,0m de comprimento e 90kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 17 a 50lb, líder com linha mais grossa, anzóis de 5/0 a 10/0, iscas naturais (peixes inteiros ou em pedaços), iscas artificiais (jigs, plugs de meia água, shads, grubs e camarões).
Tamanho mínimo para captura: 30cm.

 

 

BAGRE

(Bagre spp)


Atinge: 1,0m de comprimento e 15kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 8 a 25lb, anzóis de 1/0 a 6/0, iscas naturais (sardinha, camarões, lulas e moréias).
Tamanho mínimo para captura: 25cm.

 

 

CAÇÃO (TUBARÃO-FRANGO)

(Carcharrhinus spp, Sphyrna spp)


Atinge: 1,5m de comprimento e 40kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, anzóis de 3/0 a 8/0, encastoador, linhas de 10 a 25lb, iscas naturais (sardinhas, betaras, bonito e atum).

 

 

 

CARANHA

(Lutjanus griseus)


Atinge: 1,0m de comprimento e 60kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 17 a 50lb, anzóis de 2/0 a 10/0, iscas naturais (peixes da região), iscas artificiais (plugs de meia água e jigs).

 

 

 

CAVALA

(Scomberomorus cavala)


Atinge: 1,5m de comprimento e 30kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 10 a 25lb, anzóis de 2/0 a 6/0, iscas naturais (peixes e lulas), iscas artificiais (plugs de meia água, jigs e lambretas).

 

 

 

CAVALINHA

(Scomberomorus cavala)

 

 

CORVINA

(Micropogonias furnieri)

  
Atinge: 0,80m de comprimento e 6kg.

Tralha: Varas de ação leve e média, linhas de 8 a 14lb, anzóis de 1/0 a 4/0, iscas naturais (camarão).
Tamanho mínimo para captura: 25cm.

 

 

ESPADA

(Epinephelus guaza)

   

 

 

GAROUPA

(Epinephelus guaza)

   
Atinge: 1,0m de comprimento e 60kg.

Tralha: Varas de ação média ou pesada, linhas de 20 a 70lb, anzóis de 6/0 a 12/0, iscas artificiais (plug de barbela longa [crankbaits] e jigs), iscas naturais (sardinhas, bonito e atuns).
Tamanho mínimo para captura: 40cm.

  

 

LINGUADO

 

  

MERO

(Epinephelus itajara)


Atinge: 4,0m de comprimento e 350kg.

Tralha: Equipamentos de pesca oceânica ou pesada, linhas acima de 50lb, anzóis acima de 8/0, iscas naturais (peixes inteiros da região).

    

   

OLHO-DE-BOI

(Seriola dumerili)


Atinge: 1,7m de comprimento e 80kg.

Tralha: Varas de ação média/pesada ou pesada, linhas de 20 a 50lb, anzóis de 5/0 a 10/0, iscas naturais (peixes em pedaços), iscas artificiais (plugs de meia água e superfície, colheres e zigue-zagues).

 

 

 

PAMPO

(Trachinotus spp)


Atinge: 1,2m de comprimento e 40kg.

Tralha: Para a pesca de praia, varas com o dobro da altura do pescador, linhas de 10 a 12lb, chicote comprido, anzóis de haste curta e o colo maior, iscas naturais (pequenos peixes da região, camarão, corrupto, mexilhões sem casca, cernambi e tatuíra).

  

  

PAPA-TERRA (BETARA)

(Menticirrhus americanus)

  

Atinge: 60cm de comprimento e 1,5kg.

Tralha: Equipamento de ação leve; linhas de 6 a 10 lb.; anzóis pequenos de n° 12 a 16. Como a boca desse peixe é voltada para baixo, as pernadas devem manter os anzóis bem perto do fundo. Somente iscas naturais (camarão, corrupto e moluscos). Pode ser capturado tanto de dia como de noite. Nas pernadas deve-se utilizar somente fio de nylon.

       

     

PESCADA

(Cynoscion spp)


Há mais de trinta espécies no Brasil.

Tralha: Varas de ação média/pesada, linhas de 14 a 25lb, empate, iscas naturais (camarão vivo, maniubas e moréias).
Tamanho mínimo para captura: Pescada branca - 25cm; Pescada Calafate - 30cm; Pescada Terezinha - 15cm; Pescada-do-Piauí - 25cm.

 

 

PREJEREBA

(Lobotes surinamensis)

 

Atinge: 0,80m de comprimento e 15kg.

Tralha: Varas de ação média/pesada, podendo der utilizado material de fly (número 7 ao 10), linhas de 10 a 25lb, anzóis de 1/0 a 6/0, iscas artificiais (streamers , plugs de superfície, meia água e jigs), iscas naturais (peixes da região).

 

 

 

ROBALO

(Centropomus undecimalis e Centropomus paralellus)


Atinge: 0,40m de comprimento e 15kg.

Tralha: Varas de ação média/pesada, linhas de 14 a 25lb, líder (2m), iscas naturais (camarão e peixes), iscas artificiais (plugs, de superfície e meia água, jigs e shads).
Tamanho mínimo para captura: 45cm (Flecha) e 30cm (Peva).

    

   

 

SARDINHA

(Sardinella brasiliensis)

   

 

 

SOROROCA

(Sardinella brasiliensis)

 

     

TAINHA

(Mugil cephalus)

 
Atinge: 1,0m de comprimento e 8kg.

Tralha: Varas de ação leve, anzóis de 14 a 20, linhas de 8 a 14lb, bóia especial para tainha, iscas naturais (miolo de pão e algos verdes).

   

   

VIOLA

(Rhinobatos percellens)

    

  

 

XARÉU (GUARACEMA)

(Caranx hippos)


Atinge: 1,3m de comprimento e 40kg.

Tralha: Varas de ação média ou média/pesada, podendo ser utilizado equipamento de fly (número 5 a 10), linhas de 10 a 25lb, anzóis de 1/0 ao 6/0, iscas artificiais (jigs e plugs de meia água ou superfície, streamers e poppers no fly), iscas naturais (sardinhas, paratis e tainha).

 

Os peixes de praia mais comuns são a Betara, o Carapicú e a Corcoroca, e as iscas preferidas são o camarão e a minhoca da praia (ou da areia).

 

  

XERELETE (CARAPAU)

(Caranx crysos)

      

Atinge: 0,8m de comprimento e 8kg.

Tralha:

  

As iscas preferidas são as naturais (pequenos peixes, crustáceos e outros invertebrados, inclusive bentônicos).

 

 


 

Pesqueiros

 

São locais, em uma determinada região, onde há maior concentração de peixes. Com a tralha adequada, no horário certo e com a maré ideal, o pescador terá também o melhor local para realizar o seu divertimento.  

 

Fonte: Foto do Satélite Landsat 5

 

de praia

 

1. Daniela; 2.Jurerê;  3.Canasvieiras; 4.Cachoeira do Bom Jesus; 5. Ponta das Canas;  6. Lagoinha; 7. Praia Brava; 8. Ingleses; 9. Santinho; 10. Moçambique; 11. Barra da Lagoa; 12. Galheta; 13. Praia Mole; 14.Joaquina; 15.Campeche; 16.Morro das Pedras; 17. Armação; 18. Lagoinha do Leste; 19. Pântano do Sul;

 

 

de costão

  2. Jurerê (Forte de São José da Ponta Grossa) - Miraguaias e Burriquetes;
  5. Ponta das Canas - melhor lugar para pesca da Canhanha (setembro/novembro);
  6. Lagoínha - Betaras (papa-terra), Corvinas, Sargotes e os Carapicús;
  6/7. Ponta do Rapa - Garoupas, Sargos, Marimbaus ou Marimbás e Robalos;
  7. Praia Brava - Robalos e Burriquetes;

  8. Ingleses - Pampo (à esquerda) e Robalos (ambos os lados);
  9. Costão do Santinho - Robalos, Anchovas, Betaras e Carapicús;
10. Moçambique - Marimbaus, Sargos, Garoupas, Robalos e Anchovas;
11. Barra da Lagoa - Espadas, Badejos,Corvinas, Pescadas, Garoupas e Carapicús;
12. Ponta da Galheta - Garoupas, Sargos, Robalos e Marimbaus;

13/14. Ponta do Gravatá - Anchovas, Robalos, Garoupas e Marimbaus;

14. Joaquina - Robalos, Anchovas, Pampos e Burriquetes;
16. Morro das Pedras - Pampos, Robalos e Betaras;
17. Armação - Robalos, Garoupas e Marimbaus;
17/18. Matadeiro - Garoupas, Robalos, Anchovas e Marimbaus;
18. Lagoínha do Leste - Robalos, Garoupas e Anchovas;
19. Pântano do Sul - Robalos, Anchovas e Carapicús.

 

A pesca embarcada, principalmente com iscas artificiais, tem vários "points" nas proximidades dos costões acima e, ainda, em ilhas e parcéis próximos:

- Ilha do Francês (em Canasvieiras)
- Ilha do Mata Fome
(em Ingleses)
- Ilha do Arvoredo
(exclusivamente no lado oeste, pois o restante é área protegida)
- Moleques do Norte
- Ilha do Badejo
- Ilhas das Aranhas
- Ilha do Xavier
- Ilha do Campeche
- Parcel da Armação
- Ilhas das Irmãs
(no Pântano do Sul)
- Moleques do Sul
- Ilha do Coral
(na Praia da Pinheira)

 

 

As iscas mais indicadas para cada espécime:

- Anchova - corrupto, manjuba
- Badejo - camarão vivo
- Burriquete - corrupto
- Corvina - camarão, corrupto, peixe, bicha de casulo
- Espada - manjuba
- Garoupa - bonito e manjuba
- Pampo - tatuira e corrupto
- Pescada - manjuba
- Robalo - corrupto, camarão vivo ou morto(fresco), filé de manjuba ou de carapicú
- Sargo - tatuira

 

 

As iscas artificiais mais eficientes são:

- de meia água - Bomber, Rapala Shad Rap e Countdown, Yozuri
- de fundo - Jig Bomber, Rapalas Rattlin e Magnum

 

Quanto às épocas de cada espécime, podemos considerar:

- O Robalo está mais ativo durante o verão
- A Anchova sobe, de sul a norte, a partir de maio, até o final de outubro
- O Pampo fica mais ativo em julho/agosto

- Canhanha: de outubro até meados de dezembro 

 

 

Tábua das Marés: 

Consulte: http://www.mar.mil.br/~dhn/tabuas/TabuasMare.htm

 

Condições Climáticas: 

Consulte: http://www.mar.mil.br/~dhn/infmeteo.htm

 

 


 

O Peixe Fresco

 

 

SABER RECONHECER, ESCOLHER E CONSERVAR
 " É DEVER DO PESCADOR AMADOR "  

 

 

AS TRÊS FORMAS PARA ESCOLHER UM PEIXE FRESCO

 

A menos que o peixe ainda esteja realmente vivo, ao comprá-lo é importante observar alguns detalhes que indicam seu estado de conservação. De uma forma geral, o aspecto externo de um peixe fresco deve ser muito semelhante ao do peixe vivo. Através da simples utilização de seus sentidos, em três etapas, é possível identificar se o peixe está ou não fresco.

 

Tato: o corpo do peixe deve estar firme e resistente com o ventre normal, nem murcho nem inchado. A rigidez cadavérica é um excelente indício de que o peixe morreu a pouco tempo (observe porém, se a rigidez não é devido a um congelamento anterior).

Visão: o olho, do peixe, deve estar brilhante com a pupila negra e a íris branca ou amarelada (olhos esbugalhados e turvos indicam deterioração). As brânquias devem estar vermelhas ou rosadas (a coloração pálida e o aspecto viscoso também indicam deterioração).
 
Olfato: o peixe deve apresentar um cheiro normal de maresia (o cheiro ácido ou azedo indica normalmente o início do processo de deterioração).

 

 

CONSERVAÇÃO

 

Um peixe recém-capturado resistirá melhor se deixarmos suas escamas e o muco que as envolve íntegros e retirarmos todas as vísceras. Independente do gelo para conservação. Para um bom congelamento, o peixe deverá ser completamente limpo um pouco antes. O método de captura exerce grande influência na deterioração do pescado. Em geral, os peixes capturados com anzol ou arpão resistem mais tempo, enquanto aqueles capturados com o uso de determinadas redes de pesca resistem menos tempo, devido, principalmente, ao longo tempo de permanência na água (o pescador costuma deixar sua rede na tarde de um dia e recolhê-la na manhã do outro dia). Além disso, uma demorada exposição ao sol propicia a rápida deterioração, especialmente para aqueles peixes que vivem no fundo ou próximo dele (com a coloração mais escura).

 

 

QUALIDADE

 

A carne do peixe fresco é considerada uma das melhores no tocante à facilidade de digestão e valor nutritivo. Com relação ao sabor e qualidade de sua carne, o que influi diretamente em seu preço no mercado, os peixes podem ser divididos em quatro grupos básicos, relacionados a seguir.

 

1a Classe: Abrótea, Badejo, Cherne, Linguado, Merluza, Namorado e Robalo.

2a Classe: Albacora, Atum, Cioba, Dourado, Enchova, Espadarte, Garoupa, Marlim, Mero, Michole, Pargo, Pescada, Sargo-de-dente, Tira-vira, Trilha e Viola.

3a Classe: Batata, Baúna, Bicuda, Bujupirá, Bonito, Cação, Caranha, Cavala, Corvina, Goete, Olhete, Olho-de-boi, Olho-de-cão, Pampo, Pescadinha, Pirá, Piraúna, Raia, Sargo-de-beiço, Sernambiguara, Serra, Sororoca, Tainha, Vermelho, Xaréu, Xerelete e Xixarro.

4a Classe: Bagre, Baiacu, Carapicu, Cavalinha, Coco-roca, Congro, Galo, Espada, Manjuba, Moréia, Parati, Peixe-porco, Pirangica, Sardinha e Ubarana.

 

 

NÃO COMA "GATO POR LEBRE "

 

Existem duas situações onde o consumidor pode ser facilmente enganado. Uma é quando pede um peixe em um restaurante, baseando-se no cardápio. A outra é quando o compra em uma peixaria baseando-se apenas na placa de identificação e preço. Até prova em contrário todos são honestos. No entanto, é sempre bom estar atento para evitar os "enganos". Em alguns restaurantes, por falta ou por puro oportunismo, o que no final dá na mesma, é comum servir o filé de cação no lugar do filé de badejo, que consta no cardápio. Apesar do filé de cação, quando bem preparado, ser também muito gostoso, trata-se de uma atitude extremamente desonesta. Apenas mais uma dentre as muitas formas de lesar o consumidor. Assim, nos restaurantes desconhecidos é aconselhável pedir um peixe em posta ou, de preferência, aqueles normalmente servidos inteiros, como o linguado, o pargo e a truta. Na compra do peixe nas peixarias, por sua vez, o engano pode acontecer nas três formas em que se compra um peixe: em filé, em posta ou inteiro. Nos três casos, quando não se tem certeza da honestidade do dono da peixaria, a atenção deve ser redobrada. No caso do filé, pode ocorrer o mesmo problema citado anteriormente. É quase impossível saber identificar de que peixe foi tirado um filé já exposto, a não ser que o mesmo possua a carne com uma coloração particular, como a do Atum que é vermelha. Não sendo assim, o aconselhável é comprar o peixe inteiro e pedir para filetá-lo. No caso da posta, o máximo que se consegue é diferenciar o peixe ósseo do peixe cartilaginoso examinando o aspecto da coluna vertebral. Se for dura e brilhante é com certeza uma posta de peixe ósseo. Se for mole e opaca é de um peixe cartilaginoso como o cação. O conselho é o mesmo; compre o peixe inteiro e mande cortar em postas. Comprar o peixe inteiro é então a melhor opção? É, se você souber reconhecer o peixe que quer comprar. Em algumas peixarias também existe a possibilidade de se levar um peixe inteiro diferente daquele que pedimos ou mesmo daquele que consta na plaqueta de identificação e preço. Pode parecer um absurdo, mas este é um fato bastante corriqueiro, inclusive nas peixarias dos grandes supermercados. Isto ocorre devido à conjunção de dois fatores: a desonestidade das peixarias, de forma intencional ou inocente __ em alguns casos a troca já está tão arraigada que algumas peixarias nem sabem que estão enganando __, e a falta de conhecimento dos consumidores, incapazes de diferenciar corretamente a espécie do peixe que realmente desejam.

 

Exemplos mais comuns:

 

Batata (Lopholatilus villarii) no lugar do Namorado (Pseudopercis numida). Algumas peixarias vendem o batata com o "sugestivo" nome de Namorado-batata.  

Batata - Dorso castanho-escuro, clareando para os flancos. Cabeça e dorso com manchas arredondadas e amareladas. Faixa clara longitudinal abaixo da nadadeira dorsal. Caudal e dorsal escuras com manchas claras.

Namorado - Dorso mais escuro, um pouco enegrecido. Pintas brancas arredondadas em todo o corpo. Dorsal enegrecida com margem clara.

     

Goete (Cynoscion jamaicensis) no lugar da Pescada (Cynoscion acoupa).  

Goete - Dorso prateado com estrias oblíqüas escuras. Nadadeira peitoral escurecida. Pescada - Dorso prateado sem estrias. Peitoral clara com uma mancha escura arredondada em sua base. Margem da nadadeira caudal enegrecida.
 
Sororoca (Scomberomorus macula-tus) no lugar da Cavala (Scomberomorus cavalla). Sororoca - Dorso azul-esverdeado metálico. Diversas manchas bronzeadas e arredondadas no dorso e flanco. Terço anterior da primeira nadadeira dorsal enegrecido.  

Cavala - Coloração geral semelhante, porém sem manchas bronzeadas (a não ser nos espécimes mais jovens) e sem a dorsal enegrecida.

      

Ubarana (Elops saurus) no lugar do Robalo (Centropomus undecimalis).  

Ubarana - Focinho curto e arredondado. Uma nadadeira dorsal situada no meio do corpo. Dorso cinza-azulado.  

Robalo - Focinho longo, afilado e pontudo. Duas nadadeiras dorsais. Dorso cinza-esverdeado. Linha lateral escurecida e bem evidente.

    

Vermelho (várias espécies do gênero Lutjanus) no lugar da Cioba (Lutjanus analis). Devido ao prestígio de sua carne, muitas peixarias "adotam" o nome da Cioba para as outras espécies da mesma família.

Vermelho - As várias espécies apresentam uma coloração geral avermelhada (vai do vermelho-vivo, passando por tons esverdeados ou acinzentados, até o vermelho-rosado).

Cioba - Dorso esverdeado. Flancos e ventre rosados. Uma grande mancha negra arredondada situada acima da linha lateral e abaixo dos raios da nadadeira dorsal. Duas estrias azuladas irregulares no focinho.

 

 



www.cce.ufsc.br/~pescador/hdaterra.html

GUIA AQUALUNG DE PEIXES - Guia prático de identificação dos Peixes do Litoral Brasileiro,

Marcelo Spilman - biólogo marinho