. "Manezinho da ilha"
Muito se fala do manezinho da ilha, como se antes nunca houvesse existido. Dizem que se trata de um personagem popular na figura de um pescador que tem um jeito simples e um modo de falar singular. Dizem ainda que fala-se assim lá pro Açores. É o que dizem... Na minha concepção, o "Manezinho da Ilha" é simplesmente o nativo da ilha de Santa Catarina. Se é um homem "assim ou assado, frito ou ensopado", não é o tema da discussão. Simplesmente, é quem nasceu na ilha, e somente na ilha. A ilha é a mãe e seu povo seus filhos. Assim para quem não nasceu na ilha, más que já vive nela a algum tempo poderia considerar-se filho adotado e até receber a alcunha de "manezinho", mas não da ilha. O Manézinho da ilha é uma figura com muitas peculiaridades como no seu jeito de falar, na simplicidade do que trata as coisas da sua terra, no tratamento cordial com quem lhe chega, enfim é uma figura receptiva como quem recebe um amigo em casa. Sua cultura é fundamentada na herança cultural deixada principalmente pelos açorianos, maiores povoadores da região e litoral catarinense. Não esquecendo das outras etnias que contribuíram muito na formação da cultura local. Para reconhecer um verdadeiro manezinho da ilha basta prosear com o primeiro passarinheiro pitando um que tivesse no mar pela manhã e a tarde esteja indo bater um dominó na venda. Simples né! Há dois tipos de manezinho da ilha. Tem o manezinho da cidade e tem o da praia. O mané da cidade, da vila capitale, é passarinheiro, trabalha no centro, vai ao mercado público e a feira livre, gosta de peixe e sabe fazer um bom caldo, descasca camarão e sirí corretamente, gosta de boi-de-mamão e pescaria, é bem religioso, gosta da família reunida, é musical, já fez uma ratoeira bem cantada, bate um dominó, fala "seu instepô" com freqüência, etc. O mané da praia é tudo que o mané da vila capitale é, só que vive na orla da ilha. Atualmente, temos os novos manezinhos da ilha. Uma geração que apesar de viver um tempo de globalização, alguns, conscientes, fazem o que podem para manter o pouco que sobrou ou resgatando o que já se perdeu. Ainda bem!
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